Ao g1, os professores contaram como estão os preparativos para a viagem e destacaram a importância do projeto para o ensino da Física no Maranhão. Professores maranhenses são selecionados em programa educacional no maior laboratório de física de partículas do mundo, na Suíça
Arquivo Pessoal/Montagem g1
Três professores de escolas públicas do Maranhão foram selecionados em um programa educacional do CERN, Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear responsável pela operação do maior colisor de partículas do mundo, em Genebra, na Suíça.
⚛️ Dos 20 professores brasileiros selecionados, três são maranhenses: Harryson Guilherme Moraes Andrade, professor do Centro Educa Mais Domingos Vieira Filho, em Paço do Lumiar; Maria do Socorro do Nascimento Amorim, professora do Colégio Universitário da Universidade Federal do Maranhão (Colun/UFMA); e Raimundo Cazuza da Silva Neto, professor do Centro de Ensino João Mohana, em Peritoró.
Ao g1, os professores contaram como estão os preparativos para a viagem e destacaram a importância do projeto para o ensino da física no Maranhão.
O programa
Os professores foram selecionados para participar do programa “Escolas de Professores do CERN em Língua Portuguesa”, inciativa do CERN destinada a professores de Física secundaristas do mundo inteiro.
O curso é ministrado por cientistas vinculados à instituição, em língua portuguesa e tem a presença de professores de outros países lusofalantes. Dos mais de mil inscritos, somente vinte foram selecionados.
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CERN
O primeiro destino dos professores começa em Lisboa, onde permanecerão de 28 a 31 de agosto no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP). Após isso, eles seguem para a Suíça, onde participarão do curso durante o período de 31 de agosto à 7 de setembro.
O programa tem por objetivo desenvolver aulas sobre Física de Partículas e campos afins, sessões experimentais, palestras, além de visitas às instalações do CERN, das quais são parte o centro de processamento de dados, detectores e aceleradores, incluindo o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior do mundo, e uma oficina de confecção de uma câmara de nuvens utilizando materiais de baixo custo.
Após isso, no dia 7 de setembro, irão a Berna para visitar a casa de Albert Einstein. No dia 8 de setembro, retornam ao Brasil.
👨🏻🔬 Harryson Guilherme, segundo pesquisador mais jovem selecionado no programa, com 22 anos, destacou a importância da oportunidade, e disse que o programa trará acesso a conhecimentos de ponta na área da física de partículas, com cientistas que são pioneiros na área.
“A oportunidade de aprender diretamente no CERN, conhecer cientistas de renome e trocar experiências com outros professores é realmente incrível. Mal posso esperar para ver de perto o Grande Colisor de Hádrons e outras instalações. Essa ansiedade é motivada pelo desejo de absorver o máximo de conhecimento possível e trazer tudo isso de volta para meus alunos e colegas”, disse Harrysson.
Além da visita ao CERN, o professor maranhense vai participar da 5º Conferência de Física dos Países de Língua Portuguesa e da Conferência Nacional de Física e 34º Encontro Ibérico para o Ensino da Física, ambos em Portugal, a convite da Sociedade Portuguesa de Física.
O professor Harryson Guilherme foi o segundo professor mais jovem a ser selecionado no programa
Arquivo Pessoal
Segundo o professor, a experiência permitirá trazer pesquisas atualizadas para as alunos, mostrando como a ciência está em constante evolução. Harryson também ressaltou a importância da troca de experiências com outros professores participantes.
“Vamos poder discutir métodos de ensino, materiais didáticos e abordagens inovadoras que podemos aplicar em nossas salas de aula. Isso vai enriquecer minha prática pedagógica e me ajudar a desenvolver atividades que despertem a curiosidade e o interesse dos alunos pela física”, afirma Harryson.
O professor planeja, ainda, utilizar os conhecimentos adquiridos para criar palestras, workshops e feiras que aproximem os alunos da ciência e tornem os conceitos mais interessantes.
‘É uma oportunidade que poucos tiveram o privilégio de ir’
Neto Cazuza, um dos professores selecionados no programa, contou a expectativa da visita ao CERN
Arquivo Pessoal
Para o professor Neto Cazuza, a viagem ao CERN representa também a realização de um sonho e uma oportunidade de aprimorar seus conhecimentos no ensino da Física.
Ele destacou que, até agora, teve poucos contatos com a temática da física de partículas com seus alunos em sala de aula, considerando que o ensino de física no Brasil tem enfrentado reformulações desde 2016, com a implementação do novo ensino médio, que reduziu a carga horária da disciplina.
“É uma oportunidade que poucos tiveram o privilégio de ir, como desafio eu pretendo aproveitar ao máximo a programação acadêmica, pois ao retornar estarei pronto para repassar para os meus alunos a cada temporada de ensino de Física, farei também algumas publicações sobre todos os temas ministrados”, disse o professor.
Segundo os professores, os desafios para a viagem ao CERN são significativos. Um dos principais obstáculos é a logística financeira, já que os professores terão que arcar com todos os custos da viagem, hospedagem e alimentação.
Segundo a professora Maria do Socorro, esses obstáculos podem ser contornados, levando em consideração a importância da oportunidade.
“Posso dizer que o desafio realmente foi a logística financeira, mas que organizando direitinho tudo vai se resolver. Conhecer o CERN, por si só, seria fantástico, mas a possibilidade de ir participar de uma escola de física, com inúmeras possibilidades de aprendizado, se torna ainda mais grandioso”, afirma a professora.
O CERN e o maior colisor de partículas do mundo
O CERN, Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, é um dos centros de pesquisa científica mais conhecido do mundo, localizado em Genebra, Suíça. Fundado em 1954, é responsável pela operação do maior colisor de partículas do mundo, palco de uma das grandes descobertas da história da física: o bóson de Higgs, apelidado de “partícula de Deus”.
Esta descoberta histórica ocorreu em 2012, após décadas de pesquisas e teorias que começaram com a proposta do físico britânico Peter Higgs em 1964. O bóson de Higgs é uma partícula fundamental que confere massa às demais partículas elementares, desempenhando um papel crucial no Modelo Padrão da física de partículas.
Foto mostra Grande Colisor de Hádrons do CERN, próximo a Genebra, na Suíça, em 23 de julho de 2014.
Pierre Albouy/Reuters
Em março deste ano, o Brasil se tornou o primeiro país das Américas a alcançar o status de “Estado Membro Associado” do CERN. A confirmação da associação brasileira foi feita dois anos após a assinatura do acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia.
Em comunicado, o CERN informou que o Brasil concluiu todos os procedimentos internos necessários, com a mudança de status oficializada em 13 de março de 2024.
O CERN conta com 23 Estados Membros, todos europeus, incluindo países como Suíça, França e Alemanha, que compartilham os custos de estrutura e operações. Como “Estado Membro Associado”, o Brasil se junta a este seleto grupo, comprometendo-se a contribuir com aproximadamente 10% do valor investido pelos membros principais, o que equivale a cerca de 10 milhões de francos suíços, ou R$ 58 milhões por ano, de acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia.
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